Juliana Ribeiro em Preta Brasileira: abertura da 14ª edição do projeto Domingo no TCA – 19/01/2020

Hugo Gonçalves

Jornalista (SRTE/BA 4507)

Atualizada em 26 de agosto de 2020, às 15h10

 

Fruto de pesquisas da cantora baiana sobre matrizes afro-brasileiras, espetáculo propôs enaltecer o lugar da mulher contemporânea no campo musical
Hugo Gonçalves – 19/01/2020


A versatilidade rítmica é a tônica do trabalho artístico da leonina, cantora, compositora, historiadora e agora mãe Juliana Ribeiro, que no último dia 18 completou mais uma primavera. No vídeo que se encontra nesta terceira postagem, este jornalista compilou alguns registros memoráveis da edição especial do seu já aclamado espetáculo Preta Brasileira, que abriu a décima quarta edição do projeto Domingo no TCA.

Em 19 de janeiro – dois meses antes do início da pandemia do novo coronavírus, que obrigou a suspensão de grande parte dos estabelecimentos, inclusive centros culturais e de entretenimento – o Teatro Castro Alves (TCA) deu continuidade, para este ano, à sua exitosa iniciativa que desde 2007 vem oferecendo ao público baiano apresentações qualificadas nas múltiplas linguagens artísticas a preços populares, com ingressos por apenas R$ 1.

Para a abertura da temporada 2020 foi escalada Juliana com seu show Preta Brasileira, com um repertório que vem se atualizando constantemente e que marcou o pré-lançamento do álbum homônimo. Às vésperas de dar à luz a sua primogênita, sugestivamente batizada Sonora – o que se concretizou em 20 de maio último –, ela trouxe para o maior polo produtor e disseminador das artes da Bahia um espetáculo vibrante, pulsante e híbrido.

A apresentação, cuja ideia era enaltecer o lugar da mulher contemporânea no campo da música, evidencia o lado autoral da cantora nas quatro das canções do CD a ser lançado em breve e resultou de minuciosas pesquisas realizadas por ela no que tange às matrizes afro-brasileiras. No referido projeto, música, teatro e poesia se convergem, com o propósito de construir os vinte anos de trajetória da carismática artista soteropolitana.

O espetáculo teve direção artística de Hebe Alves e musical de Marcos Bezerra, que tocou violão na quase totalidade do repertório – com exceção de Carcará, na qual ele trocou as cordas acústicas pelas elétricas. Na releitura desse clássico da nossa música popular, os acordes do violão foram assumidos por Duarte Velloso, que havia dedilhado o instrumento e assinado os arranjos no primeiro CD de Juliana, Amarelo (2011) – bem como nos shows desse álbum – e da temporada de estreia de Preta Brasileira, no verão 2014-2015.

No registro audiovisual a seguir, cujo conteúdo possui duração de onze minutos, Juliana Ribeiro entoou três canções que este jornalista e admirador da sua maravilhosa obra selecionou e gravou na ocasião. Samba de roda de autoria da própria artista, a inédita Ella (sic) – que abriu a apresentação em meio a aplausos do público que lotou a plateia da Sala Principal do TCA – versa acerca do empoderamento feminino na atualidade, bem como o lugar de fala das nossas mulheres.

Em seguida vem a releitura de uma magnífica obra-prima da Música Popular Brasileira (MPB). Carcará, de João do Vale (1934-1996) e José Cândido (1927-2008), foi originalmente interpretada por Maria Bethânia, ao se projetar nacionalmente em 1965, ao substituir Nara Leão (1943-1989) no lendário show Opinião, no Rio de Janeiro.

A primorosa versão de Juliana, em um delicioso arranjo inspirado na salsa cubana – merecendo destaque para piano, percussão e saxofone –, vem incrementada por um veemente discurso sobre a prostituição infantil nas estradas do País, que inclui dados da Polícia Rodoviária Federal referentes ao ano passado. “Muita atenção com as nossas crianças!”, alertou a cantora no encerramento de Carcará.

Por fim, a canção-título do espetáculo, a também autoral Preta brasileira, já conhecida do grande público e cuja letra, além de exaltar o feminismo negro no País, questiona o preconceito racial de uma forma irreverente – em 2016, ganhou um criativo videoclipe, dirigido por Fábio Vaz (responsável pelo programa Mosaico Baiano, da TV Bahia). A versão do show teve a também preta, baiana e cantora Márcia Short como convidada, fazendo um alegre dueto vocal com a anfitriã.

 

Ao lado de Márcia Short (à direita), Juliana interpretou, no palco do TCA, canção que dá nome a seu projeto
Hugo Gonçalves – 19/01/2020

 

Assista, abaixo, à compilação de fragmentos em vídeo da diversidade sonora apresentada na edição especial do show Preta Brasileira, de Juliana Ribeiro, que abriu a 14ª edição do projeto Domingo no TCA, em 19 de janeiro de 2020, na Sala Principal do teatro. Enfim, este jornalista tem a honra de desejar a todos os leitores-espectadores deste blog multimídia uma excelente e consciente apreciação audiovisual.



Créditos do vídeo

Juliana Ribeiro em Preta Brasileira: abertura da 14ª edição do projeto Domingo no TCA

gravado na Sala Principal do Teatro Castro Alves

Salvador, Bahia, 19 de janeiro de 2020

 

Músicas selecionadas do espetáculo:

Ella (Juliana Ribeiro)

Carcará (João do Vale e José Cândido)

Preta brasileira (Juliana Ribeiro)

 

direção artística: Hebe Alves

direção musical: Marcos Bezerra

 

músicos

baixo: Fabrício Cyem

bateria: Lorena Martins

guitarra em Carcará: Marcos Bezerra

percussão: Bolota e Ricardo

piano: Dinho Reis

saxofone e flauta: Vinícius Freitas

violão: Marcos Bezerra

 

participações especiais

Duarte Velloso: violão em Carcará

Márcia Short: voz em Preta brasileira

 

imagens, fotografias, roteiro, edição e finalização:

Hugo Gonçalves – Jornalista (SRTE/BA 4507)

 

música de abertura: “Preta brasileira”

composição e interpretação: Juliana Ribeiro

álbum: Single “Preta brasileira” (2015)

 

música de encerramento: “Rebento”

composição: Gilberto Gil

interpretação: Juliana Ribeiro

gravada por Hugo Gonçalves no show Preta Brasileira (Domingo no TCA, 19 de janeiro de 2020)

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